terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Subir ao monte para orar

 Roma, 24 de fevereiro de 2013


 fonte - Portal Bragança

     A multidão gritava, cantava, orava. Não era qualquer Angelus, era o último. Milhares de fiéis e curiosos lotaram a Praça São Pedro para rezar o Angelus com Bento XVI. Calcula-se mais de duzentas mil pessoas. A comoção era geral e notável antes mesmo do Papa pronunciar qualquer palavra. Alguns choravam, outros sorriam, mas o que se via em todos era a emoção de viver um momento único, de profunda oração e comunhão, amor e gratidão.

Talvez essa palavra – gratidão – expresse melhor o sentimento dos fiéis. Gratidão por tudo o que fez Bento XVI, mas, sobretudo, por tudo o que ainda fará. Sim, isso mesmo, por tudo aquilo que ainda fará. Ora, a vida dedicada toda a oração não é uma passividade mórbida, mas um movimento que nasce, desenvolve e gera frutos no anonimato. A vida escondida em Deus em profunda oração pela renovação da Igreja se torna comunhão sublime. Nada pode nos aproximar mais do que a oração do coração que ama. Quem ama e ora, permanece no amado, fazendo com que ambos permaneçam em Deus. E essa será a relação de Bento XVI com a Igreja e a Trindade.

 Bento XVI vai “subir ao monte para rezar”. É de lá que ele pode continuar servindo a Igreja, ainda que de acordo com suas limitações e possibilidades. Mas não é um serviço menor. Em realidade, a oração é a única maneira de fazer o impossível tornar-se possível.  A renovação da Igreja é impossível se não estiver coligada com a ação do Espírito. A necessidade da renovação requer a vontade humana, mas, sobretudo, a ação divina. O momento é de oração.

No dia 11 de fevereiro de 2013, Bento XVI ensinou a toda a Igreja e também ao mundo secular a importância do desapego ao poder, em vista do bem comum. Hoje ele nos ensinou que o momento é de oração. Com sua decisão de “subir ao monte para orar”, ele nos ensina que a Igreja precisa se tornar ainda mais orante. A oração deve preceder às ações. Somente assim podemos construir e reconstruir uma Igreja que seja de acordo com a vontade do Pai. Se pudermos resumir o sentimento geral em três palavras, essas seriam: ação-de-graças, oração, esperança.


por Lauro Ferreira, sm







Um comentário:

  1. Lauro, você foi muito feliz em suas palavras. De fato, Bento XVI é um testemunho gritante no silêncio e no recolhimento. Depois de nos presentear falando da caridade, da esperança e da fé, ele agora nos da suas últimas palavras falando de duas características essenciais dos cristãos sem precisar de muitas palavras: humildade e oração.

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